Se não sabe porque é que pergunta?

Descobrimos mais se pudermos explorar livremente, ao nosso ritmo, com tempo e espaço seguro para sentir e pensar, nas pluralidades da nossa própria linguagem e no aconchego da escuta empática e recetividade genuína do outro.

Entre a iminência da pergunta e a urgência da resposta, sobra pouco para realmente observar e explorar a natureza das coisas. A pergunta pode afunilar a perspetiva e a resposta abreviar um caminho potencialmente mais completo e frutuoso. É certo que a curiosidade estimula a descoberta. Descobrimos mais se pudermos explorar livremente, ao nosso ritmo, com tempo e espaço seguro para sentir e pensar, nas pluralidades da nossa própria linguagem e no aconchego da escuta empática e recetividade genuína do outro. Poder crescer e evoluir com a possibilidade de parar, falhar, repetir e reparar. Poder escutar o silêncio da contemplação, do ruído interno que se quer fazer ouvir, na forma de caos ou vazio, mas que pode ecoar a seu tempo sem ser abafado pela resposta antecipada. O encontro com a própria autenticidade não se faz pela rama e as perguntas podem encapsular a criatividade e desnortear o caminho da descoberta. Perguntar menos e observar mais, pontuar com notas de validação, entoação, eco e sonho para a (re)construção da narrativa. Ser amparo na queda, colo na espera e afeto na carência, de uma forma segura, atenta e consistente, possibilita a exploração livre sem pressas e atalhos redutores da experiência. O amor à verdade com respeito pelo tempo que as coisas levam para serem vistas e sentidas, e pelas diversas formas de serem comunicadas. E claro, nada disto é possível fora da relação com o outro – espelho, testemunha, almofada, sensor e propulsor –, no seu devido lugar, naquele preciso momento, à luz de uma relação saudável e construtiva.